quinta-feira, 7 de julho de 2011

Lembrar de não esquecer: Silepse X Elipse

SILEPSE

“Quando a gente é novo, gosta de fazer bonito.” (Guimarães Rosa)

Neste período, o escritor usou o adjetivo “novo” concordando com o sexo da pessoa que fala (masculino) e não com a palavra gente (feminino). Este é um exemplo de silepse, figura construção que se caracteriza por concordar com a ideia que se quer transmitir, não com os termos que aparecem na oração.

Essa figura de construção subclassifica-se em três tipos:
  1. Silepse de pessoa: “Enfim, lá em São Paulo todos éramos felizes graças ao seu trabalho…” (Rubem Braga)
Ocorre a silepse em “éramos”, que está na primeira pessoa do plural, quando, em sua construção normal, deveria estar na terceira pessoa do plural.
  1. Silepse de número: “Ninguém que comprar. Se ainda estamos aberto é por honra da firma”. (José J. Veiga)
Ocorre a silepse em “aberto”, que está no singular, quando em sua normal construção deveria estar no plural, concordando com o verbo “estamos”.
  1. Silepse de gênero: “Já vem chegando o sol, e São Paulo desperta, a princípio tímida, e logo agressiva e barulhenta”.
Ocorre a silepse em tímida, que está no feminino (fazendo referência à cidade), quando em sua normal construção deveria estar no masculino.

Veja outros exemplos de silepse:
  • “Vossa Majestade parece cansado”. (concorda com “ele” – masculino –  silepse de gênero)
  • “O pessoal ficou apavorado e saíram correndo”. (concorda com “todos” – plural – silepse de número)
  • “Os brasileiros gostamos de futebol”. (concorda com nós – primeira pessoa – silepse de pessoa)

ELIPSE

É a omissão de um termo ou de uma oração inteira, sendo que essa omissão geralmente fica subentendida pelo contexto.

Observe: Como estávamos com pressa, preferi não entrar.

Nessa frase, houve a omissão dos pronomes nós e eu, sujeitos, respectivamente, de “estávamos” e “preferi”. Essa omissão não dificulta a compreensão da frase, já que os verbos flexionados indicam as pessoas a que se referem

Veja outros exemplos:

Sobre a mesa, apenas um copo d' água e uma maçã.

Nesse exemplo, há a omissão do verbo haver. Completa, a oração ficaria: "Sobre a mesa, havia apenas um copo d' água e uma maçã" . A elipse do verbo em nada altera o conteúdo da oração, que se torna por sua vez mais sintética e econômica.

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