“Quando a gente é novo, gosta de fazer bonito.” (Guimarães Rosa)
Neste período, o escritor usou o adjetivo “novo” concordando com o sexo da pessoa que fala (masculino) e não com a palavra gente (feminino). Este é um exemplo de silepse, figura construção que se caracteriza por concordar com a ideia que se quer transmitir, não com os termos que aparecem na oração.
Essa figura de construção subclassifica-se em três tipos:
- Silepse de pessoa: “Enfim, lá em São Paulo todos éramos felizes graças ao seu trabalho…” (Rubem Braga)
- Silepse de número: “Ninguém que comprar. Se ainda estamos aberto é por honra da firma”. (José J. Veiga)
- Silepse de gênero: “Já vem chegando o sol, e São Paulo desperta, a princípio tímida, e logo agressiva e barulhenta”.
Veja outros exemplos de silepse:
- “Vossa Majestade parece cansado”. (concorda com “ele” – masculino – silepse de gênero)
- “O pessoal ficou apavorado e saíram correndo”. (concorda com “todos” – plural – silepse de número)
- “Os brasileiros gostamos de futebol”. (concorda com nós – primeira pessoa – silepse de pessoa)
ELIPSE
É a omissão de um termo ou de uma oração inteira, sendo que essa omissão geralmente fica subentendida pelo contexto.
Observe: Como estávamos com pressa, preferi não entrar.
Nessa frase, houve a omissão dos pronomes nós e eu, sujeitos, respectivamente, de “estávamos” e “preferi”. Essa omissão não dificulta a compreensão da frase, já que os verbos flexionados indicam as pessoas a que se referem
Veja outros exemplos:
Sobre a mesa, apenas um copo d' água e uma maçã.
Nesse exemplo, há a omissão do verbo haver. Completa, a oração ficaria: "Sobre a mesa, havia apenas um copo d' água e uma maçã" . A elipse do verbo em nada altera o conteúdo da oração, que se torna por sua vez mais sintética e econômica.